domingo, 30 de agosto de 2009

Um belo comentário sobre as Pequenas Navegações

Cleber de Moura


Chegou pelas mãos de uma grande amiga com quem compartilho muitas paixões
e algumas adoráveis divergências. Primeiro impacto: seu maravilhoso
trabalho gráfico. Mal sabia eu que o melhor estava por vir.
Já em casa, à noite, cansado e com trabalhos pendentes, disse como quem
quer se enganar para fugir de obrigações pouco prazerosas, vou dar uma
olhadinha no livro. Uma olhadinha! Não consegui. A primeira carta me
agarrou. Li, vi... Achei que, no final, as borboletas me libertariam, mas
não foi assim. Reli. Queria mais. Quis saber quem o havia gerado, quem
havia colaborado. Encontrei a Vera Casa Nova, mulher coerente, poeta
lúcida.
Tinha que compartilhar. Levei o livro aos meus alunos do colégio, que o
adoraram. Li algumas cartas em voz alta, mas também eles queriam mais.
Queriam tocar, ler outras cartas, ver, levar para casa. Constatei então
como pequenas navegações é coerente, atual: fragmentado, ousado, inteiro,
visceral...
Vi chegar barquinhas que traziam a bordo Almodóvar, Cortázar... Quis
navegar também. Senti chegarem outros bateis. Traziam Frida Kahlo intensa,
e Van Gogh inteiro, partido, que trazia consigo “mis pernas, mi lengua,
mis orejas, mi nariz”.
A cara de vaca me mostrou outro batel que navegava no mar de Kraiser, nele
vinha Djavan oceanando.
Continuei navegando e encontrei algumas e alguns egoístas que deveriam ter
no nariz marcas perfeitas dos dentes de um garfo.
“Tengo tantas cosas y ninguna está en su sitio”. Descobri que algumas
delas navegam com Paola, ao entardecer, em pequenas navegações.

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